Consumo brasileiro
Consumo da família brasileira contemporânea
A formação de um verdadeiro mercado de massas no Brasil é um fenômeno que ainda não é inteiramente compreendido. E é claro que o mero ato de comprar um fogão novo ou embarcar num avião não vai resolver nenhum dos problemas que o país tem de enfrentar, da educação básica ao saneamento, da qualidade da saúde pública aos gargalos em nossa infraestrutura.
Individualmente, cada pessoa tem suas próprias intenções de compras, que vão sendo realizadas à medida das possibilidades. Uma família vai optar por uma máquina de lavar roupas, enquanto os vizinhos vão trocar a TV. Uns vão comprar um laptop, enquanto outros preferem um smartphone.
É isto que podemos chamar de ciclo de consumo — a evolução da cesta de bens e serviços.
Segundo Marcelo Neri, coordenador do Centro de Pesquisas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, entre 2003 e 2008, 34 milhões de pessoas encorparam as classes A, B e C no Brasil. De 2009 a 2014, outros 30 milhões deverão se juntar a esse grupo. “Somando tudo, estamos acrescentando quase a população da França ao mercado consumidor em dez anos”. Segundo projeções da consultoria LCA, em 2020 os lares brasileiros vão gastar cinco trilhões de reais — 130% a mais do que atualmente. Bem antes disso, já em 2014, para o Brasil, existe a projeção de passar a ter o quinto maior mercado consumidor do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, Japão, China e Alemanha. Se tudo isso se concretizar, significa que, em quatro anos, 72% da população — um total de 144 milhões de pessoas — será, no mínimo, da classe média baixa.
Quando se escala a pirâmide de consumo, a maioria busca saciar três aspirações: Ter mais, saber mais e experimentar mais. São essas as três principais tendências que orientam as aquisições de bens e de serviços pelos brasileiros. A primeira — ter mais — abrange o ato de comprar, seja pela primeira vez, seja na renovação de algo que já se tem.
A segunda — saber mais —