Construção do caso clínico
O texto de Viganò (2010) procura abordar que o método da construção do caso clínico demonstra a possibilidade de um trabalho norteado pela transferência, enquanto um elemento clínico diferencial, colocando a transferência como uma alternativa aos ideais da eficácia e classificação, que anulam em diversos momentos a dimensão do sujeito.
As causas, as formas de apresentação e a intensidade dos sintomas também são importantes, mas não nos atemos somente a estes pontos. Pois segundo Viganò, construir o caso clínico é colocar o paciente em trabalho, registrar os seus movimentos, recolher as passagens subjetivas que contam, para que a equipe esteja pronta para escutar a sua palavra, quando essa vier.
Isto tudo nos remete, a análise de que, construir o caso clínico é compor a história do sujeito, delimitando assim os fatores corroborantes para o desencadear de uma patologia, buscando reconhecer os pontos mortíferos, os pontos de repetição, assim como os tratamentos realizados, e ainda as saídas que o próprio sujeito tem desenvolvido para lidar com seu sofrimento. Sendo assim, a construção serve para operar o deslocamento do sujeito dentro do discurso. O autor propõe que a construção do caso clínico seja um trabalho democrático no qual cada um dos protagonistas envolvidos (profissionais, familiares e instituições) participem desse processo. Porém, adverte que esse debate democrático não deve visar um consenso quanto à melhor conduta a ser tomada. Visto que, estaríamos diante da autoridade do mestre, excluindo o sujeito que é o verdadeiro protagonista de todo o trabalho, pois este é que pode fazer por si mesmo na perspectiva de se perceber como sujeito relevante na busca do tratamento. Assim, o ponto comum a ser buscado na construção do caso clínico por uma equipe é o ponto cego das narrativas em que pode ser evidenciado um vazio de saber. É nesse lugar em que podemos encontrar o sujeito e a doença que o acometeu. O