Construção da Sociedade Moderna
Marx e Weber: um diálogo possível
As idéias de Max Weber e de Karl Marx nunca perdem a validade. Durante grande parte do século XX ambos foram colocados em campos opostos, em que suas reflexões sobre a sociedade moderna eram entendidas como interpretações antagônicas, sendo uma, a weberiana, classificada como conservadora e burguesa, e a outra, a marxista, como sendo progressista e fundamentalmente baseada nos ideais revolucionários. Esse suposto dilema já não é mais importante, pois vamos encontrar nesses dois pensadores uma convergência de análise do capitalismo que se tornaram clássicas no campo das ciências sociais e da história. Daí decorre a possibilidade de diálogo entre eles.
Em longos trechos das obras de Marx e Weber as questões postas são as mesmas, e ambos têm, como pensadores, muito mais em comum entre Marx e muitos autores que se dizem seus fiéis seguidores. Um dos elementos centrais que os aproxima está a preocupação de ambos sobre o destino do homem dentro da moderna sociedade capitalista.
No Manifesto Comunista, escrito em parceira com Engels, Marx identifica a história da modernidade como a história do trabalho revolucionário da burguesia que “destruiu as relações feudais, patriarcais e idílicas”, despedaçando “sem piedade (...) os complexos e variados laços que prendiam o homem feudal a seus ‘superiores naturais’, para deixar subsistir, entre os homens, o laço do frio interesse”. Além disso, a burguesia “afogou os fervores sagrados do êxtase religioso, do entusiasmo cavalheiresco, do sentimentalismo pequeno-burguês nas águas geladas do cálculo egoísta”. Fazendo da dignidade pessoal um simples valor de troca, temos nos tempos modernos uma substituição das numerosas liberdades, que foram conquistadas com tanto esforço, “pela única e implacável liberdade de comércio”. Isto significa que no lugar da “exploração velada por ilusões religiosas e políticas, a burguesia colocou uma exploração aberta, cínica,