Igreja nª senhora fatima
PAULO ALEXANDRE DOS SANTOS COSTA
Introdução Os anos 30 em Portugal, foram anos de charneira no que diz respeito à arquitectura moderna. Dois grandes acontecimentos marcaram esse período: a Exposição do Mundo Português, preparada pelo Governo de então, chefiado por Salazar e uma nova igreja para o Patriarcado de Lisboa, a primeira igreja modernista em Portugal, com a invocação de Nossa Senhora de Fátima, construída sob orientação do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira. Esta, que iria provocar grande impacto e polémica, foi encomendada para substituir a igreja de S. Julião, uma igreja da baixa lisboeta que se pretendia demolir, juntamente com o quarteirão em que estava construída, para que ali se edificasse uma nova e monumental sede do Banco de Portugal. O projecto de N.ª S.ª de Fátima era arrojado, uma construção verdadeiramente de compromisso, entre uma modernidade de que a aparência exterior era chocante, e um espaço interno com grandes referências da espiritualidade gótica. Esta igreja, foi a primeira a desafiar os códigos tradicionalistas e revivalistas, baseando-se nos mais recentes e modernos projectos franceses. Para a execução do arriscado projecto foi designado o arquitecto Porfírio Pardal Monteiro, que se inspirou nos modelos arquitectónicos franceses, as igrejas de Raincy e Montmagny, construídas por Auguste Perret nos anos vinte. O arquitecto português era um admirador de Perret, bem como de Tony Garnier, o que era natural, visto que, ambos, davam uma especial atenção aos problemas da construção. Além de pioneiro no modo de usar o betão armado, provinha de uma família de construtores, detendo ele próprio uma prática construtiva. Para a hierarquia da Igreja Católica em Lisboa, na pessoa do Cardeal Cerejeira, a construção marcava o início de uma nova era e de uma transformação em toda a arte religiosa. É nesta questão, que várias personalidades da