Construir competências é virar as costas aos saberes?
Construir competências é virar as costas aos saberes?
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade de Genebra, 1999
Construir competências é virar as costas aos saberes?
Não.
Desenvolver no aluno a capacidade de colocar em prática o que aprende na escola, não significa que o aluno não vai mais passar pelo processo da aquisição do conhecimento em si, mas sim, que se adquire o conhecimento e simultaneamente, coloca-os em prática.
É polêmico distinguir ou misturar as diversas habilidades e competências, por isso, é mais útil descrevê-las e organizá-las, de modo que cada estudante quando se vir diante de uma situação de complexidade real, seja capaz de agir conscientemente, interpretando, organizando os conhecimentos pertinentes aquela situação e distinguindo se há necessidade de buscar novos conhecimentos, antes de resolver o problema.
É comum encontrarmos profissionais que tem conhecimento específico, mas não sabem, ou não podem usá-los, pois, não sabem interpretar textos, por exemplo. Ou seja, de que adianta saber resolver os mais complexos problemas de matemática na escola e não saber introduzir tais conhecimentos no cotidiano, ou mesmo, na vida profissional.
A maioria dos conhecimentos acumulados na vida escolar jamais serão usados, não porque o que se aprendeu não seja útil, mas porque, não se aprendeu a usá-los em situações concretas.
Para obter-se conhecimento e desenvolver a capacidade de executá-los além dos limites das paredes da escola, será necessária uma demanda maior de tempo, e ainda que o período de permanência do estudante seja integral não será possível, a aplicação plena de tanto conhecimento. Então, talvez, seria mais útil a diminuição da “quantidade” de conhecimento e mais aplicação dos conhecimentos obtidos.
Mais uma vez, os que mais precisam da escola como uma “ponte” para seu próprio desenvolvimento como cidadão, são os mais prejudicados, pois, para os outros, que continuarão estudando, quanto