Considerações sobre o campo da doença mental
A história da loucura entendida como des-razão, perda das capacidades racionais começa com a história da humanidade. Em uma perspectiva histórica podemos considerar a partir da Grécia Antiga tres principais concepções da loucura.
A concepção mítico-religiosa, a concepção psicólogica que introduz a noção de conflito e a concepção organicista que localiza o adoecimento psíquico no corpo biológico. Essas concepções estão presentes na nossa cultura de diversas formas e atribuições as causas do adoecimento psíquico. A partir do século XIX, com o surgimento da Psiquiatria, inaugurada como disciplina, a partir da publicação do tratado de Pinel em 1900, tem início várias tentativas de sistematização e classificação dos sintomas psíquicos. Surgem também os asilos como forma de recolher os
"doentes mentais" e tratá-los. A indicação do isolamento para esses doentes trouxe grandes prejuízos sociais e individuais. Vidas foram impedidas de liberdade e terminaram nos manicômios como se os considerados loucos fossem criminosos e perigosos. A sentença ,por muito tempo ,para esses seres humanos foi a morte em vida.
A partir desse histórico, procuramos compreender os pressupostos epistemológicos relativos às diferentes perspectivas em relação ao conceito de normal e patológico, na Psicologia e na
Psiquiatria. Se vamos tratar de "doença mental", como ficou definida a loucura a partir do séc
XIX, precisamos pensar no conceito de normalidade e anormalidade psíquica.
Em Psicopatologia os critérios para classificar como "anormal" casos extremos é mais fácil, os casos limítrofes mais difíceis e dessa forma o conceito ganha relevância e necessidade de debate e esclarecimento. Para poder definir normal é preciso definir saúde mental. O tema tem vários desdobramentos. Os critérios de normalidade vão desde a definição de "ausência de doença" que está baseado na negativa e, portanto, é falho. A normalidade ideal que depende