Consciência e liberdade
Nos primeiros dias de vida a criança não reage a estímulos visuais porque não consegue "ver" os objetos, nem é sensível à luz ou ao som. Portanto, à medida que os mecanismos cerebrais responsáveis pela captação da luz e do som evoluem concluímos que as primeiras reações que o homem tem durante essa evolução são semelhante àquelas de qualquer animal irracional: instintivas. Quando sente alguma dor, fome ou frio, a criança chora não porque tem consciência da dor, da fome ou do frio; é uma ação reflexa de seu organismo.
Quando a parte do cérebro responsável pelo equilíbrio amadurece, as crianças se aventuram nos primeiros passos até conseguirem andar com segurança. Da mesma maneira, quando a parte do cérebro que comanda a voz evolui as crianças começam a esboçar a verbalização daquelas sensações cuja existência somente poderia ser deduzida pelo choro compulsivo. Desse contato com as necessidades primárias de uma criança, concluímos que o primeiro nível daquela consciência, a princípio, por instintiva e irracional, e depois já emocional e racional, é limitada ao seu corpo.
Por esse motivo é comum vermos crianças brincando com partes de seu corpo. E o grau da relação material entre objetos que uma criança manipula e seu corpo, em particular a boca, é inversamente proporcional ao amadurecimento de suas estruturas psicológicas, fato que leva aquela relação, anteriormente sem critérios ou regulamentos, a passar para a fase de adaptação às "regras" sociais de comportamento.
Diríamos então que a consciência limitada aos prazeres ou necessidades do corpo consegue fugir desse limite no exato instante em que está pronta a prender-se a outros. Com que idade isso ocorre? Três, quatro, seis, oito