Tecnologia é social
Tecnologia é método, é a forma como se faz coisas, são fórmulas que se rotinizam, é modo de viver, ou melhor: é o conjunto de relações, habilidades, conhecimentos e técnicas ligadas a execução de uma atividade, que se materializa em artefatos, mas que inclui todo o sistema que está em volta, que constrói a realidade e o mundo em que vivemos. Essa forma como se constroi a execução de uma atividade parte de pontos de vista, considera determinadas esferas de relevância, determinados problemas e determinados valores. E ainda, essas fórmulas geram praticas, determinam percepções e modos de viver, ou seja, “o que significa ser humano é, dessa forma, decidido em grande parte no molde de nossas ferramentas” . A questão que deve ser levantada, portanto é “qual o entendimento da vida humana é incorporado nos arranjos técnicos prevalecentes”. Ou seja, há uma relação direta entre valores éticos e fatos técnicos e propõe-se aqui uma conscientização dessa relação para uma melhor articulação dessa, além de uma reconfiguração na esfera de valores, onde a eficiência passa a ser calcada não em termos quantitativos e números absolutos de produção, mas em nível de aproveitamento das capacidades humanas, dos direitos, das potencialidades humanas.
“A tecnologia produz a estrutura material da modernidade. Essa estrutura não é mais um pano de fundo neutro junto ao qual os indivíduos buscam sua concepção de boa vida, mas em vez disso comunica essa concepção do inicio ao fim”. Há um conhecimento ou uma disciplina que se associa ao produzir algo (techné se associa a alguma forma de poiesis), como já se entendia na visão grega das coisas, cada tecnica inclui um propósito e um significado dos artefatos para cuja produção se orienta. O conhecimento contém a essência da coisa a ser feita, a idéia do artefato, é anterior ao ato de fazer e é independente da coisa. Ou seja, os artefatos sao feitos de acordo com um plano e para um propósito, têm significados e intenções. No