Conflito em Darfur
Historicamente, a África é um continente marcado pela multiculturalidade. Existem inúmeras tribos compondo diferentes sociedades em cada país africano, sendo elas particulares em seus valores, crenças e organização política. Apesar da coexistência desses grupos, muitos deles encontraram-se, e alguns ainda se encontram, alheios ao núcleo de decisão dos territórios aos quais pertencem, o que caracteriza uma condição de exclusão, responsável, muitas vezes, pelos contenciosos que existem entre tribos regionais.
É o caso da região do Darfur, localizada no Sudão, país que, a partir da ocupação anglo-egípcia entre 1898 e 1956, viu o escalonamento da situação de rivalidade entre as diferentes tribos da região. Como resultado de administrações antagônicas entre o Sul e o Norte durante essa ocupação – na qual o primeiro ficou sob uma administração descentralizada com uma política de separação de grupos étnicos – pode-se apontar a origem das revoltas mais radicais no sul do país, evidenciada pela rejeição das políticas do governo central por meio de força militar. As divergências religiosas, entre muçulmanos, cristão e animistas, e também étnicas, entre africanos negros, árabes e outras etnias minoritárias, foram se acentuando dada a falta de representatividade de certas tribos pelo governo sudanês, o que levou a uma não-identificação dos diferentes grupos que ali residem como iguais.
As políticas de Estado desequilibradas e repressivas levaram, em 1994, à fragmentação do Darfur em três pequenas regiões consideredas autônomas, desfavorecidas pelo governo central, e marcadas por uma condição de desigualdade e exclusão contínua. Consequentemente, os protestos contra as políticas governamentais que tentam ser impostas a essas sociedades, assim como as disputas por posse de terras e pela autonomia política permanecem uma realidade dessa região.
Sob a ótica de Stuart Hall, todo esse quadro conflituoso pode ser entendido a partir da