Conferência sobre ética

“CONFERÊNCIA SOBRE ÉTICA” (Ludwig Wittgenstein)

1.Resumo das principais idéias:
Três dificuldades iniciais: A primeira: Desejaria expressar de forma elegante e precisa os meus pensamentos sobre um tema difícil que é a ética. Peço, assim, que esforcem para entender-me. A segunda: muitos de vocês vieram a esta minha conferência com falsas expectativas. Eu deveria não perder a oportunidade de falar para vocês sobre um tema que me interessa. Poderia até desperdiçar meu tempo dando uma Conferência sobre Lógica ou sobre divulgação científica satisfazendo, assim, o que considero um dos mais baixos desejos do homem moderno, a saber, a curiosidade superficial sobre as descobertas das ciências. Preferi apresentar um tema de interesse geral com a esperança de esclarecer as idéias, mesmo enfrentando desacordo. A terceira: o ouvinte, embora pense o contrário, é incapaz de ver tanto o caminho pelo qual o leva como também o fim a que este conduz.
Embora, adotarei a explicação do termo que o professor Moore deu em seu livro Principia Ethica, a saber, "A Ética é a investigação geral sobre o que é bom", vou usá-la de forma mais ampla, para que vejam da forma mais clara possível o que considero seu objeto. Vou, antes, apresentar várias expressões sinônimas, na pretenção de obter a imagem dos traços típicos ou característicos da Ética que todos compartilhavam, isto é, para se ter uma idéia aproximada do que se ocupa a Ética.
As expressões “esta é uma boa poltrona”, “é importante não resfriar-me” e “esta é a estrada correta” possuem dois sentidos distintos de usos: o sentido trivial ou relativo, e por outro, o sentido ético ou absoluto. A essência desta diferença parece ser obviamente esta: cada juízo de valor relativo é um mero enunciado de fatos e, portanto, pode ser expresso de tal forma que perca toda a aparência de juízo de valor. Por outro lado, apesar de que se possa mostrar que todos os juízos de valor relativos são meros enunciados de fatos, nenhum enunciado de fato