Resumo de Concepção de Língua, Concepção de Sociedade. Essas concepções se baseiam, por sua vez, em visões de mundo pré-científicas e em estruturas sociais organizadas em sistema aristocráticos, como era o caso da sociedade grega na antiguidade clássica, quando nasceu a Gramática Tradicional, e também da sociedade renascentista, onde uma pequena elite intelectual, inspirada na antiguidade clássica. Sabemos que, na sociedade greco-romana antiga, para receber o título de cidadão, para poder exercer o poder político de voto e de governo, a pessoa tinha de preencher alguns requisitos. Primeiro: ser do sexo masculino. Cidadão, assim, na Grécia e na Roma antiga, era um título reservado exclusivamente aos homens. Segundo: Tinha de ser livres. Numa sociedade baseada no uso da mão-de-obra escrava, não era sequer possível imaginar um escrevo com direito a cidadania. Esses dois critérios básicos já eliminava mais da metade da população, uma vez que todas as mulheres e todos os escravos estavam excluídos da participação nas decisões sobre o destino do estado. Era a língua usada por alguns desses poucos, por uma parcela dessa já minoritária aristocracia política e econômica, esse grupo seleto de homens livres que comandavam a vida de todos os demais seres humanos. No período de produção das gramáticas normativas das línguas nacionais europeias, o renascimento, a situação era a mesma. A sociedade era dominada, no seu topo, por uma pequena elite formada de homens livres, (porque ainda existia o trabalho escrava), brancos e cristãos (os judeus, muçulmanos, ateus etc., não só eram impedidos de ocupar postos de comando, com também eram perseguidos, torturados e mortos). Por isso, foi a linguagem usada por eles, por essa aristocracia, que se tornou o padrão, a norma, o molde ideal ao qual todos os demais usos da língua tinham de se ajustar. É por isso que o gramático e historiadores português João de Barros escreveu, no século XVI, que o modelo de língua a ser seguido