Gramática e interação: uma proposta para ensino de gramática; Travaglia 2006
Fichamento
2. CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM
Outra questão importante para ensino de língua materna é a maneira como o professor concebe a natureza fundamental da língua altera em muito o como se estrutura o trabalho com a língua. Tem-se levantado três possibilidades distintas de conceber a língua.
A primeira concepção vê a linguagem como expressão do pensamento. Para essa concepção as pessoas não se expressam bem porque não pensam. A expressão se constrói no interior da mente, sendo sua exteriorização apenas uma tradução.
A segunda concepção vê a linguagem como instrumento de comunicação, como meio objetivo para a comunicação. Nessa concepção a língua é vista como um código, ou seja, como um conjunto de signos que se combinam segundo regras, e que é capaz de transmitir uma mensagem, informações de um emissor a um receptor.
A terceira concepção vê a linguagem como forma ou processo de interação. Nessa concepção o que o individuo faz ao usar a língua não é tão-somente traduzir e exteriorizar um pensamento, ou transmitir informações a outrem, mas sim realizar ações, agir, atuar sobre o interlocutor.
3. CONCEPÇÃO DE GRAMÁTICA
3.1 Conceito de gramática
Se a nossa questão é o ensino de gramática, é preciso dizer também o que se entende por gramática e, de acordo com cada concepção, o que seria saber gramática e o que é ser gramatical.
Há basicamente três sentidos para essas expressões: No primeiro, a gramática é concebida como manual com regras de bom uso da língua a serem seguidas por aqueles que querem se expressar adequadamente.
Nesse primeiro sentido afirma-se que a língua é só a variedade dita padrão ou culta e que todas as outras formadas de uso da língua são desvios, erros, deformações da língua. Portanto, estão embutidas nessa concepção de gramática vários modos de perceber e definir a chamada norma culta que mobilizam