Concepçoes de aprendizagem
Juliana Zantut Nutti
Concepção inatista: o saber congênito
A busca por respostas começa na Antiguidade grega, com o nascimento do pensamento racional, que busca explicações baseadas em conceitos (e não mais em mitos) como uma forma de entender o mundo. Para os primeiros filósofos, a dúvida consistia em saber se as pessoas possuem saberes inatos ou é se possível ensinar alguma coisa a alguém.
Chamada de Inatismo, essa perspectiva sustenta que as pessoas naturalmente carregam certas aptidões, habilidades, conceitos, conhecimentos e qualidades em sua bagagem hereditária. Tal concepção motivou um tipo de ensino que acredita que o educador deve interferir o mínimo possível, apenas trazendo o saber à consciência e organizando-o. "Em resumo, o estudante aprende por si mesmo", escreve Fernando Becker, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) no livro Educação e Construção do Conhecimento.
A concepção inatista parte do pressuposto de que os eventos que ocorrem após o nascimento não são essenciais e/ou importantes para o desenvolvimento. As qualidades e capacidades básicas de cada ser humano ( personalidade, valores, hábitos, crenças, forma de pensar, reações emocionais, conduta social ( já se encontrariam basicamente prontas e em sua forma final por ocasião do nascimento, sofrendo pouca diferenciação e quase nenhuma transformação ao longo da existência. O papel do ambiente é tentar interferir o mínimo possível no processo do desenvolvimento espontâneo da pessoa.
As origens da concepção inatista podem ser encontradas, por um lado, na Teologia (o destino individual de cada ser humano já estaria determinado pela graça divina) e, por outro, em um entendimento errôneo de algumas contribuições da proposta evolucionista de Darwin, da Embriologia e da Genética (as mudanças no desenvolvimento das espécies