concepçao
Sérgio Augusto Sardi1
O mundo é admirável. A vida é admirável. Os seres humanos, o conhecimento... a existência como um todo é surpreendente! Eis um sentimento que talvez possamos compartilhar. Bastaria olhar ao redor, estranhando-nos com aquilo que antes nos pareceria trivial, para nos darmos conta de que não sabemos, e indagarmos sobre o sentido de todas as coisas. E também sobre o sentido último, ou primeiro, das nossas próprias vidas.
Seriam perguntas de quem deseja ver algo grandioso. Afinal, por que tudo existe e, não antes o nada? Qual o significado de realidade? O que é a verdade? Quais são os limites do conhecimento? O que nos faz efetivamente humanos? Nessas, e em tantas outras questões fundamentais, o filósofo depara-se sempre com o mistério que torna o mundo admirável.
A liberdade de ser
Mesmo que a realidade contenha um fundo de mistério, para o filósofo este mistério que perpassa toda a existência não é um impedimento. Antes mostra a direção a trilhar em uma aventura de pensamento. É em direção ao mistério que ele deverá caminhar. Em uma jornada feita de amor pelo conhecimento, o que exige também o conhecimento do amor. O filósofo diz sim a este desafio, e faz do amor a existência a força para fazer do ato de conhecer o mundo um modo de vivê-lo intensamente. O filósofo reinventa o pensar e cria ideias que disponibilizam visões de mundo. Ele faz isso para reinventar a vida. A liberdade não consiste apenas em podermos fazer escolhas sobre o que vamos fazer. Mas também sobre o que pretendemos ser. Por isso, a liberdade exige um trabalho interior, diriam os gregos – os pais da filosofia. Sócrates dizia: “Conhece-te a ti mesmo”. Pois o filósofo tem a tarefa não só de sondar a face mais profunda do ser, mas também de construir, de educar a si mesmo. Assim, ele necessita adotar um novo estilo de vida, que envolve a coragem de defrontar-se com problemas radicais e de superar a si mesmo sua busca.
Para criar ideias que permitam