Conceito de pulsão
Deise Dias de Souza
O que se segue é especulação, amiúde especulação forçada, que o leitor tomará em consideração ou porá de lado, de acordo com sua predileção individual. É mais uma tentativa de acompanhar uma idéia sistematicamente, só por curiosidade de ver até onde ela levará.
S. Freud - Além do Princípio do Prazer
O conceito de pulsão não é apenas um dos mais importantes, mas, também, é um dos mais complexos e polêmicos da psicanálise. Apresentarei, a seguir, a descoberta freudiana e dois posicionamentos teóricos divergentes. O objetivo deste artigo não é fazer crítica a nenhum dos autores, mas apresentar o pensamento dos autores.
I. O conceito de pulsão em Freud
O termo pulsão é um dos mais polêmicos na obra Freudiana. A extensa gama de significados e conotações do termo em alemão aumenta a polêmica. Há séculos, era empregado na linguagem corrente, bem como nas linguagens comercial, religiosa, científica, e filosófica. A pulsão (trieb) pode tanto assumir a forma de um “instinto” quanto de um “querer”, enquanto base não-volitiva e categórica. Situa-se, pois, anteriormente a ambos. É algo genérico e impessoal, maior que o sujeito isolado, algo atemporal. A pulsão simplesmente existe; tal qual o “impulso de respirar”, ele é a “base do próprio querer”, a base a partir da qual se gera a necessidade, a ânsia, a vontade, o querer e o desejo. Não é de imediato percebido como torturante ou desagradável, torna-se torturante se não o realizarmos - por exemplo, não respirar, não comer. À pulsão é um processo dinâmico, que impulsiona o organismo em direção a uma meta, o equilíbrio do estado de tensão na fonte pulsional. O termo pulsão só aparece na obra Freudiana em 1905, mas desde o projeto de 1895, Freud já coloca a idéia de excitações externas e internas, às quais deveriam ser descarregadas assim que abalassem o princípio de constância. Nós poderíamos fugir das excitações externas, mas não das internas