Comunicação e consumo
A “indústria cultural”, tal como a concebiam Adorno e Horkheimer (1985), resulta na produção de mercadorias específicas. Entretanto, a abordagem deste assunto escapa aos interesses deste texto. Estes autores analisaram bens simbólicos de natureza cultural, dentre os quais se destacam o cinema, a música e o teatro. A intervinculação, no plano do simbólico, entre o consumo de bens culturais e o de mercadorias (físicas) é evidente. Mas, nos limites dos esforços desta pesquisa, o objeto escolhido fixou-se no problema das mercadorias, estudando-se aqui as de ampla visibilidade social.
O tipo de consumo que aqui referido, embora possua também atributos simbólicos, tem natureza diferenciada. Não se pode descartar a importância da publicidade, que é um dos elementos formadores dos comportamentos de nossa época, como auxiliar nas supostas ‘escolhas’ feitas pelos grupos sócio-culturais.
No Brasil, a televisão e os demais meios de comunicação, através do discurso publicitário direto e indireto, exercem grande pressão para que consumamos. A necessidade de adquirir mercadorias e serviços é atualmente produzida com grande força, através da relação existente entre as mídias e a sociedade.
O desejo de consumo reproduz-se segundo a estruturação social. Esta está sempre em constante movimentação e interage com as construções de natureza ideológica e com suas relações – representações mentais -, mesmo que distorcidas, da materialidade social.
Nestor Garcia Canclini (1999) considerou o consumo como uma das dimensões do processo comunicacional, relacionando-o com práticas e apropriações culturais dos diversos sujeitos envolvidos neste sistema. Afirmou que por meio dele os sujeitos transmitem mensagens aos grupos sócio-culturais dos quais fazem parte.
Segundo Canclini, o consumo não deveria ser visto somente como uma posse de objetos isolados, mas também como “apropriação coletiva” destes. Este processo consideraria relações de solidariedade e, principalmente, de