Compreendendo a “religião” africana.
Tratando-se de História da África, ou mesmo de questões que remetem ao continente africano – ainda que essas não se relacionem a uma historiografia propriamente dita –, surgem inúmeros equívocos quanto a suas questões históricas, culturais, econômicas, sociais e religiosas. Nesse sentido, há a criação de um discurso histórico para a África, surgido nos últimos anos por meio de estudos que têm como objetivo o reconhecimento da importância da religião na África e de sua compreensão. Assim, confere-se também maior importância ao significado do termo “religião”, sobretudo como um conceito de criação Ocidental carregado com suas próprias percepções e alterações ao longo do tempo. Diante disso, o presente ensaio buscará trazer luz às questões relacionadas às “religiões tradicionais” africanas, por meio da análise dos conceitos envolvidos, da cosmologia, e da relação entre as práticas religiosas e outros elementos sociais. O primeiro passo para a compreensão da questão religiosa africana é o entendimento dos conceitos envolvidos. O termo “religião”, segundo Angelo Brelich, citado em Oliva, não era capaz de definir os diferentes fenômenos africanos que se aproximariam do que o Ocidente entenderia por esse termo, uma vez que ele foi construído ao longo da história da civilização Ocidental e, por não possuir qualquer termo correspondente nas línguas