compostagem
As ciências humanas e a universidade A universidade é reconhecida, a priori, como o lugar da produção e da reflexão crítica do conhecimento. Entretanto, com a crescente subordinação da vida acadêmica à lógica do mercado, a reflexão crítica vem perdendo espaço para a mera “profissionalização” da força de trabalho e a fragmentação dos saberes e a mera reprodução de conteúdos e de padrões de pesquisa são cada vez mais comuns na vida acadêmica. Com a centralidade na “especialização” do conhecimento e a sua desconexão com o mundo real, que não pode ser dividido em disciplinas, a universidade perde sua identidade mediadora e de crítica radical dos saberes. Diante da emergente necessidade de oferecer cursos cada vez mais atrativos a um concorrido mercado de trabalho e da relativa ilusão de inclusão social através do título acadêmico, a universidade está confrontada com o dilema de se adaptar à lógica em curso sem, no entanto, descaracterizar-se como instituição.
As ciências humanas, com seu acúmulo histórico e pela sua característica reflexiva e problematizadora da realidade social, assumem uma posição decisiva no processo de desmistificação e reintegração dos saberes. Mas, possivelmente, por não oferecerem uma clara tendência de reforço à “empregabilidade”, as ciências humanas são constantemente caracterizadas como inúteis à universidade. Além disso, como dizia um presidente da Max-Planck Gesellschaft1[1], na Alemanha, as ciências humanas seriam as responsáveis pela construção das ideologias do nosso tempo, as quais teriam fundamentado os maiores crimes da humanidade. Somente as ciências naturais, em sua “objetividade e neutralidade” é que poderiam contribuir para o avanço do progresso humano.
Na era da “globalização”, justificada pelos avanços tecnológicos, o papel da ciência e da tecnologia volta a ser discutido num novo contexto. Num período marcado pelo predomínio da técnica, o conflito entre ciências naturais e