Complexidade e contradição na arquitetura
Texto de Roberto Venturi
Arquitetura não-direta: um suave manifesto Gosto de complexidade e contradição em arquitetura. Não gosto da incoerência ou arbitrariedade da arquitetura incompetente nem das afetadas complexidades do pitoresco ou do expressionismo. Prefiro falar de uma arquitetura complexa e contraditória baseada na riqueza e na ambigüidade da experiência moderna, incluindo aquela experiência que é inerente à arte. Por toda parte, exceto na arquitetura, a complexidade e a contradição foram aceitas e reconhecidas, desde a prova de Gödel da inconsistência final em matemática até a análise de T. S. Eliot da poesia “difícil” e à definição de Joseph Albers da qualidade paradoxal da pintura. Mas a arquitetura é necessariamente complexa e contraditória até mesmo pela inclusão dos tradicionais elementos vitruvianos de comodidade, firmeza e prazer. E hoje as necessidades de programas, estrutura, equipamento mecânico e expressão, mesmo em edifícios individualmente considerados em contextos simples, são variadas e conflitantes por força de circunstâncias antes inimagináveis. A crescente dimensão e escala da arquitetura no planejamento urbano e regional aumenta as dificuldades. Acolho com prazer os problemas e exploro as incertezas. Ao aceitar a contradição, assim como a complexidade, tenho em vista a vitalidade, tanto quanto a validade. Os arquitetos já não se podem deixar de intimidar pela linguagem puritanamente moralista da arquitetura moderna ortodoxa. Gosto mais dos elementos híbridos do que dos “puros”, mais dos que são fruto de acomodações do que dos “limpos”, distorcidos em vez dos “diretos”, ambíguos em vez de “articulados”, perversos tanto quanto impessoais, enfadonhos tanto quanto “interessantes”, mais dos convencionais do que dos “inventados”, acomodatícios em vez de excludentes, redundantes em vez de simples, tanto vestigiais quanto inovadores, inconsistentes e equivocados em vez de diretos e claros.