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Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de Teoria e Prática da Educação
Disciplina: Educação e Literatura Infantil na Escola
Curso: Pedagogia -
Professora: Dra. Marta Chaves
Se os Tubarões Fossem Homens
BRECHT, B. Histórias do Senhor Keuner. Lisboa: Hiena Editora, 1993.
“Se os tubarões fossem homens”, perguntou ao senhor K. uma miúda, filha da sua senhoria, “seriam mais amáveis para os peixinhos do que eles são?”
“Claro que sim”, disse ele, “se os tubarões fossem homens, mandariam construir no mar enormes caixas para os peixinhos e punham dentro comida, tanto vegetal como animal. Teriam cuidado em fazer com que a água das caixas fosse continuamente renovada e, de um modo geral, adaptariam todo o tipo de medidas sanitárias. Se, por exemplo, um peixinho ferisse sua barbatana, far-lhe-iam logo um penso para não morrer antes do tempo.
Para os peixinhos não ficarem melancólicos, de tempos em tempos organizariam grandes festas aquáticas porque os peixinhos alegres são mais saborosos do que os melancólicos. Como é natural nessas grandes caixas também haveria escolas. E nessas escolas os peixinhos aprenderiam como se nada na goela dos tubarões. Seria necessário, por exemplo, aprenderem geografia para saberem onde encontrar os grandes tubarões que estão preguiçosamente a descansar num lado qualquer.
É claro que a formação moral dos peixinhos seria o mais importante. Ensinar-lhes-iam que nada é mais sublime nem formoso do que um peixinho que se sacrifica alegremente, e todos deveriam ter fé nos tubarões, sobretudo quando prometem zelar pela sua felicidade futura.
Far-se-ia os peixinhos compreender que um tal futuro só estaria assegurado se aprendessem a obedecer. Teriam de abster-se de toda a propensão baixa, materialista, egoísta e marxista; e se algum deles visse uma destas tendências manifestar-se deveria ser logo comunicada aos tubarões.
Se os tubarões fossem homens, por certo