Como parar uma guerra nuclear
Divergência entre civis e militares dos EUA sobre a tensão na Península Coreana lembra impasses da Crise dos Mísseis
MICHEL DOBBS - FOREIGN POLICY - O Estado de S.Paulo
À medida que estuda como responder à bravata militar da Coreia do Norte, Barack Obama está aprendendo a lição que John F. Kennedy precisou assimilar durante a Crise dos Mísseis de Cuba. No caso de um possível confronto nuclear, delegar poderes para os generais antecipadamente pode ser um grande erro.
De acordo com notícia publicada esta semana no Wall Street Journal, a Casa Branca abriu mão de um "manual" previamente aprovado que exigia uma demonstração de força contra a Coreia do Norte em resposta às suas ameaças de um ataque nuclear. Em vez de adotar uma série de medidas, bem orquestradas e bem divulgadas, com o objetivo de aumentar a pressão sobre Pyongyang, o governo Obama estaria agora examinando maneiras de acalmar a tensão na Península Coreana.
Funcionários da Casa Branca estariam contrariados com o fato de a Marinha ter tornado pública a mobilização de dois destróieres lançadores de mísseis teleguiados para a região - o que poderia provocar uma resposta imprevisível de Kim Jong-un.
Esses sinais de divergência entre civis e militares lembram um célebre confronto no auge da Crise dos Mísseis, entre o secretário de Estado Robert McNamara e o comandante das operações navais, almirante George Anderson. Depois de o presidente anunciar um bloqueio naval de Cuba, Anderson achou que tinha toda a autoridade necessária para impedir que os navios soviéticos cruzassem a "linha de quarentena", se necessário, à força. "Sabemos como fazer isso", ele disse a McNamara, agitando no ar sua bastante manuseada cópia das leis militares em caso de guerra. "Fazemos isso desde os tempos de John Paul Jones."
O confronto chegou a tal clímax que o secretário da Defesa, furioso, respondeu ao comandante: "Nenhum tiro será disparado sem minha permissão expressa". Alguns meses