Colônia penal feminina de abreu e lima
A simbologia do cácere exerce sobre mim grande fascinação. A nata dos transgressores, sociedade dentro de outra sociedade, um gueto que renegou “o contrato social” de Rousseau. Coisa que consome pessoas e devora tempo. Desgasta física e emocionalmente. Coisa inventada para que nosso sentimento de vingança seja aliviado. E que depois do dia 13 de março de 2013, deixou de habitar meu imaginário para ser coisa vista por meus olhos.
Recife, 17 de março de 2013 – Marcelo Patu
COLONIA PENAL FEMININA DE ABREU E LIMA
PRIMEIRA PARTE
(FIAT LUX)
ENTRADA
Todos entregam seus documentos e vão entrando gradativamente. Na parte de dentro, um funcionários nos faz uma introdução. Ano de construção, capacidade máxima para 500 detentas mas com população atual superior a 700. Diz também para que nós não acreditemos no que elas falam. Que elas mentem quanto ao possível fim de suas penas. Depois de mais alguns detalhes, andamos por um corredor comprido e entramos a direita.
PÁTIO EXTERNO
Cerca de 15 mulheres trabalhavam em máquinas de costura, costurando lençóis dentro de um grande galpão com grades e cadeados. Ficaram um pouco envergonhadas com nossa presença. Trocamos olhares, mas nenhuma palavra foi trocada a princípio. Caminhamos para outro galpão no mesmo pátio. Lá é o lugar feito para que elas recebecebam visítas intimas, porém não estava
funcionando. Um pouco mais a frente, o guia nos falou que mulheres não recebem muitas visitas intimas, os maridos geralmente abandonam quando absorvidas pelo sistema prisional. Por um momento pensei na possibilidade de o guia ter falado como uma justificativa plausível para que o lugar não funcionasse. Caminhamos em direção ao mesmo portão em que entramos, no caminho, perguntei se aquelas máquinas de costuram eram conseguidas por meio de doações ou governo provia. Respondeu que eram de uma empresa privada que contratava essas presas e lhes pagava um salário, parte dele dado a ela e outra parte, depositada