clinica e cultura
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE PSICOLOGIA
Trabalho Final da disciplina de Clínica e Cultura:
O trágico e a clínica analítica: Ressonâncias
ROGÉRIA BATISTA BORTOLE
RONDONÓPOLIS/MT
2011
O trágico e a clínica analítica: Ressonâncias
“A leitura ou a encenação de uma tragédia nos causa inquietação e nos move para um terreno incerto e estranho de nossa existência. A mesma sensação pode ser experimentada pelo paciente da psicanálise.”
(Calaça, F. Vianna, T. C. - 2007)
Este trabalho visa estabelecer relações entre trágico e trabalho realizado na clínica analítica. Tais relações serão estabelecidas começando com a visão e definição de tragédia até as relações desta com o trabalho terapêutico na clínica. Para tanto, será tomado como suporte teórico três capítulos do livro “A Travessia do trágico em análise” de Mauro Meiches, o capítulo “O homem trágico” do livro Por que a psicanálise? de Elisabeth Roudinesco e o artigo Macbeth: Uma tragédia para os tempos hipermodernos? de Fausto Calaça e Terezinha de Camargo-Vianna. De acordo com Calaça e Vianna (p. 475, 2007) “A primeira noção de trágico fundamenta-se na Poética (grifo do autor) de Aristóteles. (...) A tragédia é uma representação de vida – de felicidade ou infelicidade – e o fim visado é uma ação, não uma qualidade.” Assim, para Aristóteles, a tragédia visa a uma ação, ou seja, algo deve ser feito concretamente, em forma de ato. Em Meiches (2000) lemos que para Aristóteles a tragédia surge quando há a ultrapassagem de uma medida, há um “excesso que tem de ser banido.” (p.126). Ainda em Meiches encontramos a definição de tragédia para Nietzsche que é, segundo ele, uma concepção oposta a de Aristóteles. Para Nietzsche há uma exaltação do excesso, a tragédia é vista assim como categoria não apenas do belo, mas como um impulso que se aproxima de um estado de embriaguez.