Ciências Socias

Este trabalho parte de uma reflexão livre sobre a questão da urbanização. Mais especificamente sobre a urbanização da cidade de São Paulo. Que optou como a maior parte das metrópoles subdesenvolvidas, por uma desconexão total com a natureza. Uma cidade que se sobrepõe ao relevo, ou ao menos o enfrenta agressivamente, sem se moldar a ele. As referências naturais, que em outras cidades determinam a urbanização, em São Paulo são subjugadas pela cidade. O horizonte passa a ser dominado por construções em altura e os espaços se enclausuram, os rios se canalizam, o céu fica laranja. São Paulo cria uma supra natureza de asfalto, elevados, prédios e antenas, postes, luzes, transito e gente. Muita gente. É uma construção que tem sua beleza, mas que não é de fácil apreensão, justamente por não possuir referenciais claros para guiar o visitante desavisado. Por isso choca e oprime quem não compreende sua linguagem. Por vezes o que transparece nesse discurso urbano é justamente sobre o que ele cala. Apreciando uma vista da cidade surge a ideia do que havia antes da cidade, até para entendê-la melhor. Há o risco de que isso pareça uma utopia anti-urbana, um sonho bucólico de volta a um passado ideal. Mas é na verdade um exercício de prospecção e arqueologia para entender a linguagem da cidade de hoje e criar uma narrativa, reorganizando seus signos. A ideia da cidade tomando de assalto o espaço natural é uma inversão do que a natureza faz durante as enchentes, violentamente invadindo o espaço alheio e se fazendo lembrar. A referência para criar o cenário onde filme acontece é a região que hoje corresponde a Pompéia e Sumaré. Era conhecida pelos tupiniquins como Caaguaçu, denominação genérica que significa mata grande, alta. Pois se configurava para os habitantes dos vales do Tietê e dos outros vales da região, como uma série de altas colinas, dominando a paisagem. Na região também existe o Pacaembu, que em tupi significa “rio onde se caça a Paca”, o filme brinca com essas