CIÊNCIA E O SENSO COMUM

422 palavras 2 páginas
Carl Hempel sugeriu que as explicações científicas têm tipicamente a estrutura de um argumento, isto é, um conjunto de pre­missas seguido de uma conclusão. Esta diz que o fenómeno que precisa de explicação ocorre de facto e as premissas dizem-nos por­que é que a conclusão é verdadeira. Assim, suponha-se que alguém pergunta porque é que o açúcar se dissolve na água. Para res­ponder, devemos construir um argumento cuja conclusão é «o açú­car dissolve-se na água» e cujas premissas nos dizem porque é esta conclusão verdadeira.
Primeiro, as premissas têm de implicar a conclusão, ou seja, o argumento tem de ser válido. Segundo, as premissas devem ser todas verdadeiras. Terceiro, as premissas devem conter pelo menos uma lei geral, tal como «todos os metais são condutores de electricidade», etc. Estas contrastam com factos particulares, como «este pedaço de metal conduz electricidade». Assim, explicar um fenómeno, na concepção de Hempel, é mostrar que a sua ocor­rência se segue dedutivamente de leis gerais, talvez acompanhadas por outras leis e/ou factos particulares, todas verdadeiras.
Para ilustrar isto, suponha-se que estou a tentar explicar por­que é que a planta na minha secretária morreu. Posso propor a seguinte explicação. Devido à fraca iluminação no meu escritório, a luz do Sol não tem chegado à planta; mas a luz solar é necessária para uma planta realizar a fotossíntese; e sem fotossíntese, uma planta não pode sintetizar os hidratos de carbono de que necessita para sobreviver, e irá assim morrer; por conseguinte, a minha plan­ta morreu. Esta explicação ajusta-se perfeitamente ao modelo de Hempel. Ela explica a morte da planta deduzindo-a de duas leis verdadeiras – que a luz solar é necessária para a fotossíntese e que a fotossíntese é necessária para a sobrevivência – e de um facto verdadeiro – que a planta não estava a apanhar luz solar Dada a verdade das duas leis e do facto particular, a morte da planta tinha de ocorrer. [...]
Hempel extraiu uma

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