Cinema Experimental
Recorrendo ao Dicionário teórico e crítico de cinema, de Jacques Aumont e Michel Marie, temos a sugestão de que pode ser considerado cinema experimental todo filme que dilui as fronteiras entre as diversas dimensões da arte e da subjetividade humana. O cinema experimental mudo é considerado, por esses críticos, como um movimento vanguardista de grande importância. Pode ser caracterizado, brevemente, pelos seguintes aspectos: foge dos padrões da mídia industrial; da cultura do espetáculo, melhor dizendo. Geralmente, os filmes têm uma circulação restrita entre público consumidor exigente intelectualmente. Não tem como objetivo distrair e, sim, provocar ou incomodar o espectador. É um gênero de arte contestador, esteticamente comprometido com a transgressão dos valores dominantes ou até mesmo sua desconstrução. Nesses termos, recebe também o apelido de cinema abstrato, marginal ou filme maldito. No cinema experimental, é comum que temas transgressivos sejam abordados, como a morte, a sexualidade, o medo, a violência e a melancolia. Trata-se, portanto, de uma arte bastante voltada para o insólito. Assim sendo, os decadentistas irão construir situações narrativas e personagens marcados pela paranoia, catalepsia, epilepsia, alucinações, sonambulismo, sadismo, fetichismo, necrofilia, entre outros, por exemplo. Assim, essa literatura produzida durante todo o século 19 também se presta ao papel de um imenso guia clínico de patologias e de vazões aos delírios inconscientes de seus autores. Essa literatura influenciou amplamente a escolha dos temas trazidos para as telas pelos cineastas dos filmes experimentais. O caminho para o jardim sombrio (The way to shadow garden), do estadunidense Stam Brakhage, é um dos filmes emblemáticos do cinema experimental. A história gira em torno de um jovem solitário que decide tirar sua própria visão, após a meia noite, em seu apartamento. O diretor foca seus esforços nesse curta para atacar um dos símbolos da