COMO VOCÊ DEFINE O TRABALHO DO SOCIÓLOGO? QUE PERSPECTIVAS VOCÊ VÊ PARA NOSSO MERCADO NA ATUALIDADE, AINDA FORTEMENTE INFLUENCIADA PELO MODELO NEOLIBERAL.A Sociologia constituiu-se como saber científico na passagem do século XIX para o século XX, buscando afirmar sua identidade acadêmica, em relação às escolas biologistas e eugenistas e às pretensões da literatura realista, as quais pretendiam explicar a vida social. Também veio a se configurar por uma preocupação política em analisar e pensar a questão social, centrada no conflito capital–trabalho, e na luta antirracista do Affaire Dreyfus. O saber e o poder dos sociólogos sempre estiveram dinamizados pelo movimento associativo, acadêmico e científico, desde o Instituto Internacional de Sociologia (1893), a Sociedade Francesa de Sociologia e, na Alemanha, pela fundação da Sociedade Alemã de Sociologia, nos primeiros anos do século XX.No II Congresso Brasileiro de Sociologia, em Belo Horizonte, em 1962, vivia-se um momento da “Sociologia como afirmação”, como afirmava Florestan Fernandes: “Somente quis sugerir que o sociólogo, como homem da sociedade de seu tempo, não pode omitir-se diante do dever de pôr os conhecimentos sociológicos a serviço das tendências de reconstrução social”.Na retomada da SBS, Gabriel Cohn propunha uma Sociologia marcada pela “interrogação”: “A sua interrogação, levada a fundo, incorpora a afirmação e a negação”. Na atualidade, venho defendendo “A Sociologia como Transformação”, pois os elementos do pensamento sociológico – investigação científica, engajamento político e imaginação sociológica – foram se forjando, unindo o rigor investigativo e o pensamento crítico aos processos de transformação social. E a expansão da Universidade Pública Brasileira, nos últimos oito anos, a reinserção da Sociologia no ensino médio (antigo 2º grau), as demandas do Estado e do chamado terceiro setor pelo saber sociológico, abrem possibilidades infindas para o trabalho em Sociologia crítica.EM SEU LIVRO