CIENCIA POLITICAS
Julguei oportuno discorrer sobre esse subterrâneo das instituições, relacionando-as com educação e trabalho, enquanto dimensões dialéticas fundamentais a uma dinâmica de transformação social.
Pensei em utilizar, como fio condutor, um mito ou lenda que falasse sobre as origens da humanidade, seu desenvolvimento, formas de convivência e de organização, e de onde eu pudesse extrair alguns dos princípios que regem as relações entre as pessoas.
Encontrei em Ovídio (7:3-10), no capítulo I das Metamorfoses, uma forma mítica de explicar as origens do mundo, do homem e as quatro idades que marcaram a sua passagem pela terra. Em sua narrativa poética, ele descreve como aconteceu o princípio do mundo, desde o caos, "uma massa confusa e desordenada, não mais que um peso inerte e um amontoamento de germens mal unidos e discordantes", até a criação do mundo, com a separação entre céu e terra, desta as águas, rios, montanhas e mares, ventos e nuvens, cada qual com poderes específicos e funções equilibradas.
Nesta descrição, aparece sempre a contradição entre a harmonia, o equilíbrio e luta: "Tampouco aos ventos concedeu o artífice do mundo o livre uso do ar; ainda agora é difícil impedi-los na destruição do mundo, apesar de cada um dirigir seus sopros em regiões separadas: tão grande é a discórdia entre os quatro irmãos".
Após distribuir todas as coisas, os astros no céu, os peixes na água, as feras na terra, as aves no ar, "ainda faltava um ser vivente mais nobre, mais dotado de espírito, sublime e que fosse capaz de exercer domínio sobre os restantes. Assim nasceu o homem", e Ovídio salienta a diferença entre animais e homens, dizendo que, "enquanto os