Cidadania
As Violentas “crianças” da classe média brasileira:
O argumento do pai de um dos agressores ilustra a hipocrisia da classe média brasileira.
“Não é justo que crianças que estudam, que estão na faculdade, que trabalham, sejam mantidas presas. Tem que ter outra forma de punição. Não é justo prender cinco jovens que têm pai e mãe, e juntar com bandidos que a gente não sabe de onde vieram. Imagina o sofrimento desses garotos”. [...]A declaração, repetida durante a semana em todos os jornais e telejornais brasileiros, foi pronunciada por Ludovico Ramalho Bruno, 46 anos, microempresário e pai de Rubens Arruda, 19 anos [...] é um dos cinco jovens de classe média alta do Rio de Janeiro que na manhã do penúltimo sábado [16 de junho de 20007] roubaram e agrediram por diversão a empregada doméstica Sirlei Dias Carvalho Pinto [...]Disseram ao delegado que acharam que Sirlei era uma prostituta.Na hierarquia da torpeza, não se sabe se é pior o gesto ou o argumento. [...] A principal razão para as coisas se darem desse modo é o fato de a classe média brasileira, esteja onde estiver, em Salvador ou no Rio de Janeiro, sofrer de uma anomalia moral histórica, atávica [hereditário] e incurável. Quando está na reta, o mundo inteiro deve se adaptar para julgar-lhe de modo diferente. Pai é pai e mãe é mãe em qualquer lugar, mas a ousadia ou a falta de pudor de um pai de agressor, ao vir a público vociferar pela injustiça da prisão do filho, flagrado em um ato de violência extrema, diz muito sobre a moralidade brasileira. Aqui os mais ricos poderão sempre tudo, enquanto os pobres já nascem condenados. Vale dizer que no mesmo dia em que Sirlei aparecia roxa, morria em Salvador o diácono Sergio Fontes, agredido com um soco pelo