ciclo do carbono
Andréa Leme da Silva1
Sociedades caboclas amazônicas: modernidade e invisibilidade vem, finalmente, brin- dar-nos com uma merecida homenagem a esse tão amplo quanto diverso contingente humano da floresta amazônica. Os autores, através de uma coletânea diversificada de estudos sobre antropologia, história, ecologia, nutrição e saúde, convidam o leitor a uma profunda reflexão sobre os complexos processos históricos de formação da cultura cabocla, bem como sobre os contextos contemporâneos ambientais, sociais e políticos nos quais essas populações estão inseridas.
Na primeira seção do livro Identidade, história e sociedade, Stephen Nugent discute como, por serem dificilmente enquadradas nos referenciais antropológicos e no arquétipo indígena do “bom selvagem”, as sociedades campesinas amazônicas têm sido ora renegadas
(e, portanto, tratadas como invisíveis) ora retratadas pela literatura antropológica clássica como uma distorção das sociedades locais (indígenas). Outros fatores, como a complexi- dade da continuidade histórica e cultural das identidades indígena e cabocla (essencialismo versus hibridismo), o tratamento ambíguo da ideologia racial brasileira com relação às popu- lações mestiças, a naturalização ideológica, a a-historicidade que tipifica grande parte da produção antropológica sobre as populações amazônicas e, finalmente, a marginalização da economia dos povos da floresta em relação ao desenvolvimento econômico nacional, têm contribuído para o tardio reconhecimento desse importante componente demográfico da floresta amazônica. Assim, a invisibilidade sócio-política das populações caboclas tem sido um entrave para o seu reconhecimento como legítimas herdeiras das florestas em que habitam. Assim, em uma discussão mais pontual, William Balée discute as influências da colo- nização européia e da penetração do sistema mercantil sobre a alteração do