Chutando a escada
Alguém poderá dizer que essas perguntas são impertinentes. Como, porém, é possível compreender que, enquanto o Brasil não aceitava esses conselhos, de 1930 até 1980, desenvolveu-se de forma extraordinária e parou de crescer desde que passou a aceitá-los? Ou como explicar que um grupo de países asiáticos tem experimentado um extraordinário desenvolvimento na medida em que adota reformas capitalistas, mas não as reformas que os países ricos aconselham, por meio do FMI e do Banco Mundial?
Alguém poderá sugerir que esses fatos são mera coincidência. Ou que as perguntas não correspondem a fatos. Elas, porém, encontraram resposta extraordinária em livro do professor de economia da Universidade de Cambridge Ha-Joon Chang que acaba de ser publicado no Brasil. Seu título é curioso, "Chutando a Escada" (ed. Unesp), uma expressão que Chang encontrou em Friedrich List. Esse economista, que teve poderosa influência sobre Roberto Simonsen, argumentou, em 1841, contra a adoção de políticas liberalizantes recomendadas pela Inglaterra e a favor de uma política ativa de desenvolvimento, com teses fundamentais para que aquele país, pouco depois, entrasse num acelerado processo de crescimento.
O grande economista alemão afirmou e demonstrou com exemplos históricos que os países que primeiro logravam se desenvolver "chutavam a escada" ou "puxavam o tapete", para impedir que os demais países os seguissem e lhes fizessem concorrência. A Inglaterra, em relação a suas colônias (ou