chocolate
“A resposta, meu amigo, está soprando no vento. A resposta está soprando no vento.” Bob Dylan
O vento é um dos elementos importantes do filme.
O dicionário mitológico nos fala que o vento é sinônimo de sopro, por conseguinte, de espírito, do influxo espiritual de origem celeste. Ao mesmo tempo que o vento penetra, rompe, ele também purifica. O vento traz a luz, afasta as trevas. O vento é, portanto, prenúncio de mudanças.
Ao nomear o forte vento que inicia o filme como Vento Norte o narrador nos coloca imediata e diretamente dentro de uma concepção de espaço e de direção. O Vento Norte tem duas versões opostas: na Biblia ele aparece como o vento devastador, aquele que trás o mal; já para os gregos os ventos boreais traziam a sabedoria. Mas em ambos ele é o ponto de partida para uma revelação. O eixo Leste –Oeste representa o espaço das manifestações do humano: nascimento, vida e morte. O eixo Norte –Sul simboliza as regiões transcedentais, as regiões invizíveis, onde ocorre o imponderável; são as forças que irrompem para mudar.
(Auster= vento sul ; Bóreas=vento norte; Zéfiro= vento oeste e Euro=vento leste.) O filme começa com o vento norte trazendo para a pequena cidade duas, aparentemente, frágeis
mulheres.
Ele
está
trazendo
um
elemento
transformador, revolucionário para aquela comunidade, e que uma vez instalado, a cidade nunca mais será a mesma. Por outra lado as duas mulheres ao serem arrastadas, digamos assim, pelo Vento Norte para esta cidade, elas também nunca mais serão as mesmas. E o filme é o desenrolar da interação entre estes dois elementos tão diferentes, contrastantes e necessitados de mudanças, de reformulação: as duas mulheres de um lado e a cidade de outro.
Também inclui um terceiro elemento, trazido pelo vento (alusão ao barco a velas) que são os hippies ou ciganos. Vamos assistir então a todo um processo de revelações que já vem proposto ou já está