China, filho único

O custo de ter dois filhos na China
Para fugir das altas multas, de até seis vezes a renda familiar anual, jovens buscam brechas na política chinesa do filho único
Quando a chinesa Sun conhece um homem interessante, que ela imagina que pode se tornar seu namorado, faz logo a pergunta mais importante: você tem irmãos? Apesar de parecer estranho, é isso mesmo. Para a jovem, uma filha única de 26 anos, este é o critério mais importante na escolha de um parceiro. Parte de toda uma geração de filhos únicos na China, resultado de mais de 30 anos de uma política populacional restritiva, Sun quer aproveitar uma brecha na regra para ter uma família grande.
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Olívia Alonso
Yang tem uma irmã e diz que, se necessário, pagará taxa para ter dois filhos
A proibição de mais de uma criança por casal, imposta no país em 1978, não vale para mães e pais que são filhos únicos. Por isso, a solução encontrada por Sun, que não tem irmãos, foi buscar um marido na mesma situação. “Quero ter dois ou três crianças,” afirma.
Hoje, há milhões de jovens com a mesma ideia de Sun. David Li, professor de economia da Universidade de Tsinghua, em Pequim, explica que isso está acontecendo porque a medida que impede mais de um filho por casal foi estabelecida com um de prazo de validade natural. “Ao permitir que casais formados por filhos únicos tenham mais de um bebê, a ideia é que a política fosse muito eficiente para o controle populacional nas primeiras gerações,” afirma.
Se Sun fosse muito rica, não estaria preocupada. Quem tem dinheiro para pagar as altas multas cobradas pelo governo pode ter mais de um filho.
“Na China, sempre há um jeitinho,” diz Yang, que mora em Xangai, tem uma irmã mais nova e pretende ter pelo menos duas crianças. No momento em que nasce o segundo filho, os pais precisam pagar uma multa equivalente a um múltiplo da renda anual da família.
Em geral, o governo cobra cinco ou seis vezes, diz Yang. Assim, se o