cesário Verde
Na sua poesia também e vista a oposição presente/passado, em que o passado é visto como um tempo de harmonia com a natureza, ao contrário de um presente contaminado pelos malefícios da cidade (exemplo: “nós”).
Cesário Verde deixa bem presente na sua poesia a questão da inviabilidade do Amor na cidade; a preocupação com as injustiças sociais e a humilhação (sentimental, estética, social).
Há uma forte presença da figura feminina que é vista negativamente, porque é contaminada pela civilização urbana e positivamente porque é relacionada com o campo e com os valores salutares.
No entanto, há diferenças entre a mulher do campo, designada a Mulher Anjo e a mulher da cidade, vista como a Mulher Demónio. A mulher anjo é o reflexo de uma entidade divina, símbolo de pureza campestre, ágil, dotada de uma certa fragilidade, enquanto a mulher demónio é a mulher desejada altiva, arrogante, desdenhosa que exerce um poder de atração magnético sobe o “eu”, que a deseja e persegue, numa atitude que roça o masoquismo. Esta figura distante representa a degradação social do povo. Para concluir, o universo de Cesário não é um universo pensado, crítico, á maneira de Eça (…), é um mundo sentido, palpado e ao mesmo tempo surrealista.