Cesario verde
A cidade e o campo A natureza, ávida mas “honesta”, “salutar” e sempre jovem, aparece-nos pintada nos seus poemas como nas evocações da pintura geral. Identifica-se com a cidade presente, deambulando pelas ruas e becos; revive por evocação da memória todo o passado e os seus dramas; acha sempre assuntos e sofre uma opressão que lhe provoca um desejo “absurdo de sofrer”. Do campo capta a vitalidade e a força telúrica; não canta o convencionalismo idílico, mas a natureza, os pomares, as canseiras da família durante as colheitas. A cidade surge viva com homens vivos; mas nela há a doença, a dor, a miséria, o grotesco, a beleza e a sua decomposição fatal... No campo há a saúde, o refúgio durante a peste na cidade... “Ao nível pessoal, a cidade significa a ausência, a impossibilidade ou a perversão do amor, e o campo a sua expressão idílica. Ao nível social, a cidade significa opressão, e o campo a recusa da mesma e a possibilidade do exercício da liberdade. No campo, a vida é ativa, saudável, natural e livre, por oposição à vida limitada, reprimida e doentia na cidade.
Binómio cidade/campo O contraste cidade/campo é um dos temas fundamentais da poesia de Cesário e revela-nos o seu amor ao rústico e natural, que celebra por oposição a um certo repúdio da perversidade e dos valores urbanos a que, no entanto, adere. A cidade personifica a ausência de amor e por isso, de vida. Ela surge como uma prisão que desperta no sujeito “um desejo absurdo de sofrer”. É um foco de infeções, de doença, de MORTE. É um símbolo de opressão, de injustiça, de industrialização. O campo, por oposição, aparece associado à vitalidade, à alegria do trabalho produtivo e útil, nunca como fonte de devaneio sentimental. Aparece ligado à fertilidade, à saúde, à liberdade, à VIDA. A força inspiradora de Cesário é a terra-mãe, daí surgir o mito de Anteu, uma vez que a terra é força vital para Cesário. O poeta encontra a energia perdida quando volta para o