CEPTICISMO D. HUME
O nome mais importante e significativo do ceticismo no século XVIII é sem dúvida o do escocês David Hume. Embora sua relação com o pirronismo seja ambígua, devido à confusão entre acadêmicos e pirrônicos demonstrada em suas obras, Humepor diversas vezes adotou ideias do ceticismo e chegou mesmo a denominar-se como “cético relaxado”. No entanto, o seu ceticismo parece ser uma consequência direta de sua teoria conhecida como princípio da cópia.
Hume afirma que nossas ideias não são maisdo que um reflexo menos vivaz das impressões dos sentidos. Não obstante, deve haver algum princípio de conexão entre as ideias, pois estas nos vêm de forma organizada. Hume defende que existem três princípios de conexão: semelhança, contiguidade e causalidade. Na análise da causalidade, localizada na seção IV de sua obraInvestigação Acerca do Entendimento Humano,sugestivamente intitulada comoDúvidas Céticas sobre as Operações do Entendimento, aparecerão suas mais famosas páginas céticas.
O filósofo divide os objetos da investigação humana em dois gêneros: relações de ideias e de fatos. As relações de ideias dizem respeito às matemáticas, à álgebra e à geometria, onde a certeza é alcançada de forma intuitiva, por simples operação do pensamento, não dependendo de fatos exteriores. As relações de ideias são regidas pela necessidade lógica, cuja negação implica em contradição. De modo diverso, as relações de fato não são regidas por tal certeza intuitiva e a negação de qualquer fato é perfeitamente inteligível. O contrário de um fato é sempre possível, o contrário de algo necessário é contraditório, mas a necessidade strictu sensoé somente lógico-matemática.
A questão central da investigação é saber qual a natureza da evidência que nos faz inferir o inobservado do observado. Em outros termos, é preciso saber como fazemos inferências num domínio do conhecimento onde todo fato é contingente e não implica logicamente qualquer outro. O filósofo afirma que os