Centralidade Urbana
Do meu ponto de vista, existem três definições básicas de “cidade”. Uma delas é precisamente sobre a centralidade urbana.
A primeira definição é uma criação da filosofia da história. Ela categoriza a cidade e a sua história ambas como um produto e produtor da civilização. Deste ponto de vista, a cidade é considerada como uma força espacial que impulsiona o avanço da sociedade e a liberação dos seus vínculos com a tradição (comunidade), assim transformando sociedade em sociedade civil (1). Esta forma de entendimento da cidade como “máquina civilizadora” pertence a diferentes linhas das ciências humanas, representadas, inter alias, por cientistas como Karl Marx, Ferdinand Toennies, Max Weber e Henri Lefèbvre.
A segunda definição é sociológica e conceitua a cidade como “presença da diversidade e diferença” (2). Embora este fenômeno da diversidade e diferença em grandes cidades fosse freqüentemente experimentado e descrito desde o fim do século XVIII – por exemplo, por Georg Lichtenberg, Charles Baudelaire e Walter Benjamin – foi Georg Simmel quem primeiramente o transformou em conceito chave da nova ciência da Sociologia. Esta definição marca o princípio da sociologia urbana no início do século XX. Louis Wirth, imigrante alemão nos EUA, aluno de Park, Burguess e influenciado por Simmel, introduziu o conceito de cidade enunciado por este último no corpo teórico da Escola de Chicago. Naquele momento, diversidade e diferença foram definidas com base em propósitos empíricos como “heterogeneidade”. Desde então, a cidade é considerada como um lugar caracterizado por tamanho, permanência, densidade e heterogeneidade.
A terceira definição se refere à cidade como lugar de centralidade cultural. As cidades são cidades porque – e quando – elas têm um centro (ou mais centros, por exemplo, uma hierarquia de centro principal, subcentros e centros de vizinhança). Os centros têm grande importância no provimento da forma urbana e de sua coerência.