Celso furtado - formação econômica do brasil cap 30
O último decênio do século XIX foi favorável a expansão da cafeicultura brasileira: dificuldades à oferta não-brasileira; o problema da imigração passou para os estados; e inflação de créditos, que estimulava a expansão da produção e elevava os preços do produto em moeda nacional dada a depreciação cambial. Com as inversões em outras atividades nos países produtores de café, os empresários brasileiros encontram um atrativo filão para investir. Enquanto o preço se mantivesse num patamar vantajoso, a oferta de café cresceria, não por causa da demanda, mas por disponibilidade de terra e de mão-de-obra.
A expansão se deu praticamente só no Brasil, e os produtores perceberam a possibilidade de práticas monopolistas para garantirem o preço do café. Como solução para a primeira rise de superprodução, pretendia-se reter parte da oferta, o que num momento seguinte, de renda elevada nos países importadores ou de escassez de produção, seria escoada.
Com a crise de 1893, caíram os preços internacionais do café. Nova crise ocorreu em 1897. Se na primeira foi possível a solução cambial, a pressão de novos atores levava à recuperação da taxa de câmbio. Neste momento de impossibilidade de depreciação cambial é que ocorreu a superprodução. Assim, aquela solução foi adotada no convênio celebrado em Taubaté em 1906 – o governo compraria excedentes, financiado por empréstimos estrangeiros, o serviço destes seriam pagos por um novo imposto sobre as exportações de café e o governo desestimularia novas plantações.
A política de "valorização" do café foi controversa: por um lado, a descentralização republicana, com a permissão de emissão, alavancou créditos para a produção de café, por outro, novos grupos – classes médias, grupos financeiros (casa Rothschild), importadores e industriais – opunham-se às políticas demandadas pelos cafeicultores, pois eram prejudicados por essas. Então, o esquema teve que ser primeiramente posto em