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Isabelle Meira Christ Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ isabellemchrist@yahoo.com.b.
O múltiplo já não é justificado do Uno nem o devir, do Ser. Mas o Ser e o Uno fazem melhor do que perder o seu sentido; tomam um novo sentido. Gilles Deleuze
Resumo Esse artigo faz uma análise do heterônimo, de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro. O que nos interessa, nos textos do poeta de O guardador de rebanhos, é uma forma de ver, com sentidos ampliados, que estabelece um diferencial na forma de pensar – são os pensamentos-sensações. Palavras-chave: Alberto Caeiro, diferença, heterônimos, pensar, ver. Résumé Cet article fait une analyse du hétéronyme, de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro. Ce qui nos intéresse, dans les textes du poète de Le gardeur de troupeaux, c’est une façon de voir, avec sens élargis, qui établit un différentiel dans la manière de penser – c’est sont les penséessensations. Mots-clés: Alberto Caeiro, différence, hétéronymes, penser, voir.
INTRODUÇÃO Seduzidos pela obra de Fernando Pessoa iniciamos esse percurso. A possibilidade de compreender, mesmo que seja uma pequena parte de seus escritos, funciona como uma espécie de força que nos lança à frente.
De forma semelhante aos heterônimos de Pessoa, queremos ver “como” o mestre Caeiro – saber sem saber, pensar sem “pen(s)ar”. Mas...Ah, a vontade de saber, de explicar, analisar! Diríamos, mesmo, que por vezes nos comportamos como uma pobre ceifeira; no entanto, outras tantas queremos dar a mão à ciência com medo das dores que a consciência pode-nos trazer. Pensamos nisso e sofremos.
Pobre ceifeira! Ou, pobre de nós por não sabemos ver as coisas como elas são! Caeiro nos ensinaria: é preciso ver e não pensar. Todavia, o que é ver realmente? O que é pensar para Caeiro? Por que ele é considerado o mestre dos heterônimos?
Nesse artigo, buscamos responder a essas interrogações brevemente, tencionando chegar à idéia, que parece ter nos levado a