Cecília Meireles
"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno.
(...) Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.
(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."
Em 1919, aos dezoito anos, publica o livro “Espectros”. Um conjunto de 17 sonetos que tinha uma grande participação da corrente espiritualista. Contudo, sua aclamação como escritora acontece com a obra Viagem, inspirada em uma viagem a Portugal em 1934 e publicada em 1938.
A partir de 1930 começa a lecionar literatura brasileira na Universidade do Distrito Federal (atual UFRJ), lecionou Literatura Luso-Brasileira.
Na década de 30, a Literatura Brasileira estava passando