cavador do infinito
Sem descrição por Maycon Janoski em 22 de Novembro de 2013 61 Tweet
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Transcrição de Língua Portuguesa
Língua Portuguesa
Análise sobre o poema “Cavador do Infinito”
Cruz e Souza
Sobre o autor
João da Cruz e Souza (1862-1898) nasceu em Florianópolis. Descendente de escravos, teve sua vida marcada pelo preconceito racial. Ainda jovem sofreu uma desilusão amorosa quando se apaixonou por uma artista branca. Casou-se com a negra Gavita Rosa Gonçalves que veio a enlouquecer mais tarde. Apenas dois dos seus quatro filhos sobreviveram. Ele morreu aos 36 anos, vítima de tuberculose. O drama da existência é tema recorrente na sua obra.
Poema
Cavador do Infinito
Com a lâmpada do Sonho desce aflito
E sobe aos mundos mais imponderáveis,
Vai abafando as queixas implacáveis,
Da alma o profundo e soluçado grito.
Ânsias, Desejos, tudo a fogo escrito
Sente, em redor, nos astros inefáveis.
Cava nas fundas eras insondáveis
O cavador do trágico Infinito.
Cavador do Infinito é considerada uma das melhores poesias (soneto) filosóficas de Cruz e Souza. Ela busca questionar a razão e o fundamento da existência humana. Nesse soneto, pode-se perceber o drama existencial presente na ação de cavar o Infinito vivido pelo eu lírico.
Os verbos Sobe e Desce na primeira estrofe representam essa ação de cavar realizada através da lâmpada do sonho. Enquanto cava, abafa as queixas e os gritos da alma. Sensações como ânsias e desejos, e os sonhos podem representar os anseios do escritor em viver uma história de vida diferente, de encontrar a felicidade não contemplada nas suas relações sociais e amorosas.
E quanto mais pelo Infinito cava mais o Infinito se transforma em lava
E o cavador se perde nas distâncias...
Alto levanta a lâmpada do Sonho.
E como seu vulto pálido e tristonho
Cava os abismos das eternas ânsias!
"Cava os abismos das