ACROBATA DA DOR Analise
2 Como um palhaço, que desengonçado,
3 Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
4 De uma ironia e de uma dor violenta 5 Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
6 Agita os guizos e convulsionado
7 Salta, gavroche, salta, clown, varado
8 Pelo estertor dessa agonia lenta... 9 Pedem-te bis e um bis não se despreza!
10 Vamos! retesa os músculos, retesa
11 Nessas macabras piruetas d`aço... 12 E embora caias sobre o chão, fremente
13 Afogado em teu sangue estuoso e quente
14 Ri,! Coração, tristíssimo palhaço.
ANÁLISE: “ACROBATA DA DOR”
Em primeiro lugar, pode-se dizer que o poema “Acrobata da Dor”, em forma de soneto, apresenta a característica preocupação formal de Cruz e Sousa que o aproxima inclusive dos parnasianos: a utilização de vocabulário requintado e erudito, a força das imagens na poética bem como a forma lapidar antecipam a nobreza destes versos sugestivos, bem ao gosto simbolista.
Ao iniciar a leitura do poema, o título imediatamente desperta a atenção do leitor: quem seria este “Acrobata da Dor”? Nota-se, desde já, o predomínio da sugestão sobre a nominação, motivo pelo qual o “Acrobata da Dor” só é revelado diretamente ao final do soneto, sendo sugerido metaforicamente em todo o poema. O título é, pois, uma apresentação instigante da temática, que vai inserindo o leitor neste universo poético repleto de imagens e sensações
O poema se inicia com dois verbos no imperativo: “Gargalha, ri...” (verso 1), com os quais o “eu-lírico” provavelmente se direciona ao leitor, sugerindo que este assuma, perante a vida, um posicionamento de ânimo e alegria. Cabe mencionar, entretanto, que ao final do poema o leitor acabará percebendo que estes verbos não são direcionados a ele, leitor, mas sim ao “Acrobata da Dor”, revelado ao fim da leitura.
A comparação que segue no