Catarse e Epifania

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Catarse e epifania são conceitos que remetem à Grécia antiga. Segundo Aristóteles, filósofo grego, catarse é o meio pelo qual uma pessoa purifica sua alma. Essa purificação ocorre através de uma representação trágica na qual o personagem principal passa da felicidade para a infelicidade devido a algumas escolhas realizadas infortunadamente. Já a epifania é um momento de revelação, iluminação, quando ocorre uma súbita sensação de compreensão de algo que tem uma natureza, de certa maneira, divina.

Enxergamos isso nos textos de Clarice Lispector “Amor” e “O crime do professor de matemática”.

Em “O crime do professor de matemática”, o personagem principal se mostra apreensivo, como se possuísse uma dívida com algo ou alguém. Sua vontade de enterrar o cão desconhecido nos leva a crer que ele busca uma punição de maneira que pudesse quitar esse débito e poder se sentir livre novamente. Apenas após enterrar tal animal, ele pôde confrontar o real problema qeu era o fato de ter abandonado seu cachorro. Temos aqui um momento de epifania do homem, ele esclarece que, embora tenha utilizado uma desculpa para o abandono do cachorro, seu motivo verdadeiro foi outro que só eles dois sabiam: a possibilidade constante do homem pecar. A escolha de abandonar o cachorro foi a forma encontrada de evitar um crime maior. O homem sabia que ao abandonar um cachorro ele estaria cometendo um erro, porém esse erro não seria grande a ponto de levá-lo para o inferno. Acontece que, por mais impune que o crime tenha sido, o peso ficou em sua consciência e não havia nada que o homem pudesse fazer, a condenação por abandonar um cão não ocorreria, ele não seria punido. Por conta disso, há essa sensação de aflição, o enterro foi uma tentativa de se punir pelo crime cometido e, assim, purificar sua alma. Ocorre, então, outra epifania, o homem percebe que essa busca de punição era na verdade uma tentativa de apagar seu erro, ele finalmente enxerga que sua punição é conviver com essa culpa ao

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