Caso Psiquiatria
DISCIPLINA: PSIQUIATRIA CLÍNICA E DINÂMICA E PROCESSOS PSICOSSOMÁTICOS
PROFESSOR: PAULO AGUIAR
GRUPO: ANA RACKEL, BRUNA XAVIER, DIOGO MIRANDA, EMANUELLE CHICOUT, GUSTAVO LINS E RAYAME SAYONARE
CASO CLÍNICO – PRETA
Preta é uma mulher branca, de cabelos cacheados e olhos castanhos. Entra numa sala um pouco trêmula, os pés machucados, olhando para os cantos e encarando alguns pontos fixos, como a mesa de madeira e a estante de livros. Sorri, mostrando os dentes encardidos por causa do tabagismo e se apresenta.
Tem quarenta e dois anos, “dez de casada e trinta e dois de folia”, segundo ela mesma. Quando pequena, seu avô, sua mãe, seus quatro irmãos e duas irmãs faziam do quintal da sua casa uma mini escola de samba: vizinhos da rua e de todos os lados traziam os instrumentos e ela o samba, nos pés e na alma.
Tinha oito anos quando sua mãe morreu. Em seguida seu avô, de cirrose, e aí, segundo ela, o inferno começou. Seus irmãos saiam para trabalhar enquanto as irmãs cuidavam da casa e, de vez em quando, faziam faxina num casarão do bairro. Lugares vazios e vida que segue, num desanânimo que nem samba dava jeito.
Aos vinte anos, ela saiu de casa e arrumou um emprego como garçonete num bar em outra cidade. Morou três anos numa república mista e durante esse tempo teve vários namorados, todos muito ricos, romances secretos. Foi com um deles, prefeito da cidade vizinha, que cheirou (cocaína) pela primeira vez. Cocaína de primeira, importada de um lugar que ela nem sabia que existia... Foi uma sensação inexplicável.
Podia sentir seus braços e pernas chacoalharem, sua boca sem controle e sua pele mais fina, mais sensível, mais viva. Transcendia. Todo o vazio e desânimo que acompanhava seus dias desde que se entende por gente foi embora durante aquelas algumas horas e ela sentia como se nunca mais fosse a mesma.
Mas foi. O prefeito sumiu em uma das muitas viagens que fazia e ela voltou à sua rotina, seu tédio diário,