Caso Clínico: A., masculino, 12 anos, brasileiro, negro, natural do Rio de Janeiro, cursando a 4ª série do ensino fundamental. Nascido à termo, de parto cesáreo em virtude de eclampsia, apresentou desenvolvimento neuropsicomotor sem alterações. A mãe refere que, quando bebê, ele era calmo. Contudo, desde os 3 anos de idade, passou a apresentar comportamento hiperativo. Na escola ficava muito agitado, batendo e mordendo os colegas. Em casa ele gostava de assistir a desenhos animados na televisão, mas “levantava o tempo todo, não parava quieto.” Aos 7 anos, na 1ª série do ensino fundamental, as professoras passaram a relatar manifestações de déficit de atenção: “ele vivia desligado” e não interagia. A família buscou atendimento neuropsiquiátrico em outra instituição. Foram prescritos Risperidona e Ácido Valpróico. A mãe não percebeu melhora. A seguir, introduziu-se Carbamazepina “que o deixava bobo”. Foi reprovado na escola. No ano seguinte, (aos 8 anos) continuava com a medicação prévia e foi associada Fluoxetina, sem sucesso. Apresentou ganho de peso significativo pois “comia compulsivamente”. Ainda nessa época , passou a exibir tique motor “piscar demais os olhos” e algum tempo depois a presentar tiques vocais manifestados como “pigarros” que é como a mãe chamava os ruídos que o paciente emitia, como se estivesse “limpando ou aliviando um comichão na garganta”. Essas vocalizações ocorriam numa frequência semelhante e por vezes acompanhando o abrir e fechar rítmico das pálpebras. A mãe informa que algum meses depois iniciaram as compulsões: quando caminhava “parecia que estava medindo tudo, colocava um pé atrás do outro.” Além disso “se abrisse a porta , tinha que fazer isso várias vezes” e, ao assistir a desenhos animados, passou a repetir a fala de todos os personagens. Foi possível observar alguns desses fenômenos no primeiro exame. Foi encaminhado ao Serviço de Psiquiatria do Hospital Universitário Gafrée e Guinle (HUGG) para avaliação diagnóstica e