Caso Dora
O CASO DORA
Aula 4: 14/05/2005
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Tania Coelho dos Santos: Vamos abrir o texto do caso Dora, no “Quadro clínico”, artigo 1. O primeiro aspecto que Freud comenta na introdução ao quadro clínico é um aspecto técnico.
No que o esclarecimento, a decifração, o tratamento das doenças neuróticas depende da decifração dos sonhos? Ele nos introduz a uma equivalência entre os sonhos e os sintomas que, a descoberta de que há pensamentos inconscientes, permitiu-lhe fazer, com importante conseqüência técnica. Há uma equivalência entre a maneira como são formados os sintomas e a maneira como são formados os sonhos, porque tanto os sonhos quanto os sintomas são do inconsciente. Formações do inconsciente são modalidades do pensamento inconsciente. Há produções psíquicas conscientes, como por exemplo: um raciocínio, uma demonstração, uma descrição, uma orientação numa ordem. São modalidades de pensamentos conscientes que, em geral, são coerentes, lógicas, claras, precisas. Estas características são completamente diferentes das características dos modos de pensar inconscientes. O inconsciente não conhece, por exemplo, a contradição. Nele, duas idéias podem coexistir lado a lado. Numa formação do inconsciente nós podemos encontrar, quando conseguimos decifrá-las, afirmações de caráter completamente divergentes. Então, num sonho, se pode afirmar uma coisa e também o seu contrário. O sintoma, igualmente, pode sustentar um pensamento, um desejo, um voto, uma avaliação, uma apreciação sobre um determinado ponto e, simultaneamente, o oposto. O que Freud traz aqui é que nenhum esclarecimento sobre a natureza dos sintomas dessa moça, que ele apelidou de Dora, teria sido possível sem o papel central da interpretação de dois sonhos. Foi essa interpretação que permitiu a ele esclarecer o sintoma. Com isso, pode-se ver que há uma relação de equivalência entre a estrutura, o modo de formação, a natureza do sonho e a do sintoma. São processos equivalentes, donde, podemos nos