Cartografia Sentimental
Capítulo I e II
O desejo é o maior ponto que se encontra em Rolnik. Ela o define como o processo de produção de universos psicossociais, os quais não totalizam, não são dados nem infinitos, mas que se desdobra em 3 movimentos simultâneos.
No primeiro movimento, enfoca o corpo vibrátil, o corpo sendo tocado pelo invisível das experiências. Nestas ultimas, os corpos são tomados por uma mistura e uma movimentação de afetos, de energia e de intensidades. A todo o momento, tais intensidades e jogo de afetos fazem com que nós busquemos formar máscaras para nos apresentarmos diante de uma situação que “simulam” nossa exteriorização, e que tomam o corpo em matérias de expressão. Nosso corpo tocado pelo invisível, então, percebe apenas a máscara resultante do movimento de simulação.
As intensidades experimentadas numa situação (a nível de exemplo, a autora se baseia numa situação-encontro) vão compondo um plano de consistência: os afetos tomam corpo, delineiam um território, mapeiam aquela situação e tudo que está contido nela. O corpo invisível percebe que tal composição é efeito de uma série de imperceptíveis processos de simulação. Esse processo de simulação vai caracterizar o segundo movimento, no sentido de “para onde as intensidades vão”, qual desdobramento elas vão tomar, se elas vingam ou se elas goram. Encontramos isso no terceiro movimento.
Se as intensidades não existem e estão sempre efetuadas em máscaras, elas podem representar um estado de graça, um devir, um campo magnético, algo que aposta no novo (aquilo que vinga). Aqui a máscara funciona como condutor de afeto, tem credibilidade, é viva e real. E do mesmo modo que as intensidades podem, ao contrário, esfriar, criar desconforto, perder a graça, contrair e enrijecer o corpo. A simulação que gora geralmente se dá, fala Rolnik, para evitar a sensação de desorientação e do medo