Carta
Caro irmão Afonso Leme Marchão, Hoje, faz-se um mês desde minha chegada à Terra de Vera Cruz. Sinto que você não tenha desejado acompanhar-me nesta viagem, mas lhe contarei das maravilhas e estranhezas desta terra praticamente desconhecida. Logo que aportamos era impossível nao reparar nas pessoas tão diferentes e estranhos ali portados nas margens do litoral. Portavam-se sem nenhum constrangimento e sem quaisquer vestimenta de um lado para o outro. De pele parda avermelhada, a maioria deles também andava tingida em várias, se não todas, partes de seus corpos nus. Em suas mãos possuíam arcos e setas e, com estes ameaçavam a mim e aos outros recém chegados se fizéssemos algum movimento abrupto ou ''suspeito''. Depois que o capitão-mor de nossa nau, já mais acostumado com os nativos que qualquer outro alí presente, fez sinal de cortesia, os aborígenes prostaram-se menos arredios. Os dias que vieram a suceder, renderam- me boas trocas. Pelo escambo, consegui com um grupo de índios boas dezenas de pau-brasil, pelos quais apenas dei em troca alguns pequenos espelhos dos quais eles deslumbravam-se. Também cheguei a conhecer um pouco mais dos índios. Por conta de passar perto das aldeias indígenas, conheci mui belas índias, que andavam de um lado para o outro sem cobrir suas vergonhas mui cerradinhas. Tive relações com algumas delas. Todas elas tratavam com muita naturalidade a poligamia. Nem todos da tribo agradavam- se com a minha presença. E eu, assim como muitos outros de meus companheiros portugueses, também nao simpatizava com eles por diversas razões. Não me sintia contente com seus hábitos religiosos por exemplo. Eles adoram deuses diversos e falsos e nao aceitam o nosso catolicismo. Outro dia, o capitão-mor reuniu alguns marinheiros e outros convidados para pescar perto de um ilhéu e eu os acompanhei. Da pesca, aproveitou-se basicamente apenas o camarão. Junto de alguns alimentos trazidos de nosso país fizemos um