Carta OP
Percebe-se a preocupação do autor em descrever detalhadamente locais e acontecimentos e informar ao rei sobre tudo que acontecia. Seu olhar é atento, centrado naquele que seria o grande objetivo da viagem: descobrir de que forma aquelas terras poderiam trazer lucro a Portugal. Porém, ao longo do texto, o encantamento do escritor com o lugar é evidente, Caminha vai revelando seu deslumbramento diante das paisagens e das pessoas que são encontradas. ma tarefa “divina” da qual o reino português não deve furtar-se.
Caminha tem um estilo bastante peculiar de escrita, ao mesmo tempo em que é cerimonioso, por dirigir-se ao rei, também se permite momentos de humor e, ao final, faz um pedido de ordem pessoal a D. Manuel I. Portanto, estamos diante de um documento histórico, o qual, pelas suas condições de produção, não deixa de ser também um relato pessoal e subjetivo. Mesmo assim, tornou-se uma das obras literárias definidoras de nossa nacionalidade.
Leia a Carta de Pero Vaz da Caminha
Apesar de ser considerado por muitos como um relato descritivo de situações e lugares, não podemos perder de vista a dimensão humana: as primeiras interações entre nativos e europeus são bastante amistosas, havendo curiosidade de parte a parte, mas também um espaço para o lúdico, pois ao mesmo tempo em que os europeus trazem suas celebrações religiosas, também tomam parte de danças com os nativos.
O aspecto religioso também é importante no texto. Na Carta, ao mesmo tempo em que demonstra a preocupação pela possível ausência de metais preciosas na terra recém-encontrada, Caminha ressalta que mais preciosa que qualquer metal seria a “ salvação daquelas almas”, aparentemente tão dóceis e desprovidas de qualquer crença, no seu