Carta de Caminha
Caminha estrutura seu relato datando-o, como um diário, a partir da saída de Belém, em 9 de março, até o dia 1º de maio, quando a carta é finalizada. Narra a passagem pelas Canárias e por Cabo Verde para, enfim, avistarem “sinais de terra” em 21 de abril. O desembarque seria no dia 22, após avistarem um monte “mui alto e redondo” que denominaram Pascoal, por ser época dos festejos de Páscoa.
Há uma minuciosa descrição dos nativos, tanto em termos de aparência quanto de comportamento. Do mesmo modo, são citados direta e indiretamente cerca de dezoito membros da tripulação e sua interação com os nativos. O primeiro escambo (troca) ocorre em clima amistoso, embora Caminha relate a ansiedade dos navegantes em relação a possível presença de metais preciosos na nova terra. Cita as reações dos índios diante do que era oferecido pelos europeus, desde alimentos até objetos. O escritor também se detém na descrição física dos nativos, destacando suas pinturas e enfeites corporais, a limpeza e a saúde de seus corpos, que muito lhe impressionam, bem como a “inocência” dos nativos e nativas com relação à nudez.
Outro aspecto importante diz respeito à religião. Caminha narra as cerimônias cristãs celebradas pelos sacerdotes presentes na esquadra, bem como a aparente curiosidade dos nativos com relação a essas celebrações. Destaca-se aí a descrição da Primeira Missa, celebrada no domingo, dia 26 de abril.
Caminha encerra a carta aconselhando ao rei de Portugal uma grande tarefa civilizatória, que deveria ser a catequização dos nativos.
CONTEXTO
Sobre o autor
Pero Vaz de Caminha foi o escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral. Nascido na cidade do Porto, em Portugal, faleceu poucos meses depois de ter escrito a Carta, ainda em 1500, em Calecute, na Índia, onde seria escrivão da feitoria que viria a ser fundada.
Importância do livro
É o documento que relata o encontro entre dois mundos, a certidão de nascimento do Brasil. Neste relato, Caminha descreve a